O polêmico índice Kp, a Interferência Geomagnética, qual o risco para o voo de drone

Interferência Geomagnética



Esse tema de interferência geomagnética e os riscos aos voos de drones é um tema polêmico entre os praticantes e especialistas do ramo. Muitos dizem que um elevado índice Kp pode trazer um risco muito alto e recomendam não levantar voos nesses dias e horários, outros minimizam o risco e dizem que a probabilidade de se ter um problema decorrente da interferência geomagnética é irrisório.

Para entendermos os pontos importantes da polêmica vamos primeiro conceituar o que é o interferência geomagnética e seu índice Kp. A interferência geomagnética é uma consequência da tempestade geomagnética ou tempestade solar que é uma perturbação temporária da magnetosfera da Terra causado por uma onda de choque do vento solar. O campo magnético do vento solar então interage com o campo magnético da Terra impulsionado um aumento da corrente elétrica na ionosfera e magnetosfera. Em resumo, nestas ocasiões as radiações atingem a baixa atmosfera, criando cargas elétricas isoladas que são descarregadas, causando interferências eletromagnéticas, esses campos elétricos podem interferir nas telecomunicações, nas instalações elétricas. Outro efeito menos prejudicial, mas muito bonito são as auroras boreais.

O Kp é um índice que indica, em uma escala de 0 a 9, a média de atividade do campo magnético terrestre com base nos dados coletados por uma rede de observatórios que monitoram o campo magnético terrestre, distribuídos ao redor do mundo.

Histórico

Para entender a magnitude dos problemas que uma tempestade geomagnética pode trazer, vamos olhar para o passado. Em 1859 aconteceu o chamado Evento Carrington que acarretou a queima de quase totalidade das rede de telégrafo dos Estados Unidos. Aconteceram auroras boreais no Havaí, algo muito incomum, pois aurora acontece em altas latitudes. Mais atualmente em 1989, outra tempestade geomagnética energizou as linhas de transmissão de energia da província de Quebec, no Canadá, que interromperam a distribuição de energia na maior parte da província. Uma tempestade solar do "nível Carrington" foi observada em julho de 2012, mas por sorte o trajeto da tempestade errou a trajetória da órbita da Terra. As informações deste evento foram publicadas pela NASA em 28 de abril de 2014.

O evento de Evento Carrington ocorreu em uma época que a dependência de eletricidade era muito pequena e não existia equipamentos eletrônicos, mas mesmo assim houve impacto relevante. Uma tempestade semelhante a essa nos dias atuais estima-se que o prejuízo financeiro poderia chegar a 2,6 trilhões de dólares. Existe uma probabilidade de 12% de que um evento parecido aconteça próximo ao ano de 2022. O último ciclo do sol foi em 2012 e esses ciclos de máxima atividade acontecem aproximadamente a cada 11 anos, neste momento é quando costumam acontecer grandes tempestades geomagnética que deformam e atravessam o campo magnético da Terra.

As possíveis consequências da Interferência Geomagnética

Com intuito da explicação atingir todos os públicos, vamos simplificar e resumir alguns conceitos. Existem dois conceitos importantes para entender o problema da interferência geomagnética, campo magnético e campo elétrico. Campo Magnético é a concentração de magnetismo que é criado em torno de uma carga magnética num determinado espaço. Por exemplo, um ímã cria o campo magnético. Campo elétrico é o campo de força provocado pela ação de cargas elétricas, ou por sistemas delas. Os campos magnéticos em movimento podem gerar campos elétricos e por consequência correntes elétricas.

Os equipamentos são projetados para trabalhar com correntes e tensões elétricas e suas variações que controlam, por exemplo, os bits de um computador.

De forma extremamente resumida, os efeitos das tempestades solares nos modernos sistemas de telecomunicações, se dão pelas interferências nas ondas eletromagnéticas, podendo inclusive prejudicar materiais como circuitos integrados, computadores de bordo, satélites, foguetes e balões estratosféricos.

O evento interferência geomagnética é complexo e tem muito outros desdobramentos como por exemplo as Bolhas ionosféricas, estudadas pelo pesquisador José Humberto de Andrade Sobral do INPE. O pesquisador informa que nos últimos anos o Instituto tem sido contatado por empresas privadas e públicas que tiveram problemas de interrupção ou eventos de séria degradação de sinais nos seus sistemas de telecomunicação, devido a presença das bolhas ionosféricas. Os efeitos das bolhas sobre as telecomunicações e principalmente em sistemas de posicionamento (GPS - Global Positioning System) ocorrem com diversos graus de intensidade, dependendo de quanto o sistema está preparado para resolver o problema da interferência.

Kp acima de 5 podemos voar?

Os equipamentos modernos são projetados com sistemas de segurança e correções automáticas para eles fiquem minimamente protegidos de interferências, mas dependendo da intensidade dessa tempestade a proteção pode não ser totalmente eficiente.

Esse ponto que gera a polêmica. Até quando, por exemplo, os sistemas de GPS estão protegidos contra essas interferências? Qual o risco dele falhar a ponto de causar problemas no voo do drone?

Essas perguntas são difíceis de serem respondidas dado a complexidade do fenômeno, mas especialistas e pesquisadores recomendam atenção especial quando o Kp estiver acima de 5, nesse ponto as empresas de telecomunicações e elétricas já monitoram seus sistemas de forma diferenciada, visto que pode haver impacto.

Concluindo, a probabilidade de um sistema de GPS sofrer uma grande interferência é muito pequena dado a tecnologia de proteção empregada, mas pessoalmente não recomendo voar com Kp maior que 6, principalmente em altas latitudes, pois realmente aumenta muito a possibilidade de ocorrer problemas.

O tema não acaba aqui, com uma simples busca na internet você encontra uma variedade de explicações e opiniões sobre o tema, vale a pesquisa para você tirar suas conclusões.

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